ESTRESSE DURANTE A PANDEMIA: O QUE FAZER? | Manipura Farmácia de Manipulação

adptogenos

Durante este período da pandemia do Coronavirus (SARS-CoV-2), com o distanciamento social para conseguir fazer o achatamento da curva epidemiológica, tivemos que passar por um grande estresse físico e psicológico, tendo que parar com nossas atividades normais, como escolas, trabalho, passeios e comércio. A sua consequência é a sensação de ansiedade, frustração, preocupação, medo e irritação. Por isto, preservar a saúde mental é um ponto chave no processo.

Segundo a Organização das Nações Unidas é um momento desafiador, pois o distanciamento social requer uma mudança ampla no nosso modo de vida. Todos compartilhamos esta experiência, porém, há várias medidas que podem ser adotadas para reduzir seu estresse e manter a calma. No guia da ONU Saúde Mental e Considerações Psicossociais Durante o
Surto de COVID-19
estão dicas gerais sobre como devemos nos portar para evitar este desgaste.

Uma abordagem que tem sido muito estudada nos últimos anos com relação ao estresse é a utilização de adaptógenos como suplementos alimentares.

Adaptógenos: o que são?

Os adaptógenos são um grupo farmacológico de substâncias que são definidas como suplementos ou extratos de plantas medicinais que aumentam a tolerância ao estresse, a atenção mental, a resistência, a tolerância à fadiga mental e a exaustão e a reduzir os distúrbios induzidos pelo estresse relacionados ao sistemas imunológico e neuroendócrino. Exemplos de plantas que foram estudadas por suas atividades anti estresse incluem Panax ginseng, Rhodiola rosea, e Ashwaghanda (Withania somnifera).

Historicamente, o termo adaptógeno foi introduzido por Nikolay Lazarev em 1957, que se referia a substâncias derivadas de plantas que aumentavam “o estado de resistência”. Seu conceito foi baseado na teoria do estresse de Hans Selye e síndrome de adaptação geral, 3 com três fases: alarme, resistência e exaustão.

 

Segundo o Instituto Americano de Estresse, mais de 70% das pessoas experimentam regularmente problemas físicos e/ou psicológicos, sintomas causados ​​pelo estresse. As principais causas de estresse em ordem decrescente de ocorrência são: pressão no trabalho, dinheiro, saúde, relacionamentos, má nutrição, consumo excessivo mídias e privação do sono. Já o estresse persistente leva à fadiga, irritabilidade, insônia, enfraquecimento do sistema imunológico e aumento da suscetibilidade várias doenças, incluindo doenças cardiovasculares.

Qual Adaptógeno Usar?

Separei alguns adaptógenos mais utilizados, com suas respectivas funções e indicações.

Ashwaghanda

A Ashwaghanda ou Ginseng Indiano é uma importante erva na medicina indiana (Ayurveda) praticada por mais de 3000 anos. Historicamente, a raiz é utilizada como um afrodisíaco, tonificador do fígado, agente anti-inflamatório, adstringente e, mais recentemente para o tratamento de bronquite, asma, úlceras, caquexia, insônia e demência senil. Tratamento da ansiedade, e distúrbios cognitivos e neurológicos, inflamação e doença de Parkinson.

Ela é utilizada como um adaptógeno terapêutico para pacientes com estresse, insônia e como um estimulante imunológico em pacientes com baixa contagem de células brancas do sangue.

Bacopa moneri

Bacopa monnieri é um tônico muito importante na medicina indiana (ayurvédica), denominado Brahmi em referência ao Deus Brahma, criador do panteão hindu, cuja utilização remonta há mais de 3000 anos e cuja atividade demonstrada foi objeto nomeadamente de um estudo com uma duração de 30 anos. As pessoas tratados melhoraram a capacidade de memorização e de retenção de informações e fazem prova de uma rapidez de reação superior. O antigo primeiro-Ministro indiano Inder K. Gujral e o campeão de xadrez Vishwanathan Anand são utilizadores adeptos de bacopa.

O Bacopa melhora significativamente a capacidade de aprendizagem. As crianças que tomam suplementos de bacopa fazem prova de uma rapidez e de uma precisão superiores. De forma surpreendente, fazem igualmente prova de uma curiosidade intelectual superior e optam preferencialmente por novas experiências, preterindo-as às revisões.

Bacopa atua rapidamente (as primeiras melhorias cognitivas começam a ser observadas 90 minutos após a ingestão) e permitiu reduzir de 10 para 6 dias o tempo necessário à aprendizagem de uma tarefa complexa.
O Bacopa atua aumentando a síntese protéica no hipocampo, uma região do cérebro instrumental na memorização a longo prazo, consoante a dose ingerida. Segundo o prêmio Nobel Dr. Robert Furchgott, o Bacopa atua aumentando a produção de monóxido de azoto (NO), um mensageiro químico de importância vital.

Em condições de stress associado à privação de sono, a administração de Bacopa permite reduzir as concentrações de glutamato e aumentar as de GABA nas diferentes zonas do cérebro. Os níveis de ansiedade são reduzidos em cerca de 20% e a fadiga mental é diminuída. Os níveis de serotonina (um neuromediador inibidor) são aumentados.

Finalmente, outros resultados sugerem que o Bacopa possui propriedades antioxidantes significativas, que é eficaz na síndrome do cólon irritável e que reduz ligeiramente a hipertensão, melhorando a função respiratória nas situações de stress. Os efeitos profiláticos e curativos do extrato de Bacopa moneri são devido a sua ação nos fatores de defesa da mucosa gástrica.

Shatawari

Shatawari é uma planta medicinal com longa tradição na Medicina Ayurvédica e é conhecida pelos seus inúmeros benefícios para a saúde da mulher. Em Sânscrito significa “ela que possui cem maridos”, implicando que a erva pode ajudar e suportar fertilidade e vitalidade.
Shatawari mantém a saúde e o equilíbrio dos processos hormonais femininos durante todos os períodos da vida. Melhora os sintomas menstruais aliviando cólicas, TPM e regularizando o próprio fluxo menstrual. Aumenta a produção de leite materno durante o período da amamentação. Também é utilizado durante a menopausa, e devido aos fitoestrogénios presentes na planta, ameniza os sintomas característicos desta fase.
Shatawari também é excelente para o sistema reprodutivo masculino por melhorar a qualidade da produção de fluídos seminais e auxiliar o tratamento dos casos de infertilidade. Pode ser utilizado em casos de impotência, debilidade sexual, inflamação nos órgãos sexuais e espermatorreia.
Também e considerado um adaptógeno que fortalece o sistema imunitário e aumenta a nossa resistência contra stress e doenças.

Rhodiola Rosea

A Rhodiola rosea é uma planta nativa da Sibéria ártica, internacionalmente conhecida como “Golden Root” ou “Raiz de Ouro”. Não é à toa que essa planta da família Crassulaceae recebeu esse título. Há séculos as raízes da Rhodiola têm sido usadas pelas culturas da Europa oriental e asiática para melhorar a resistência física e o rendimento de trabalho, a longevidade, a resistência a doenças provocadas por altas latitudes, e para tratar fadiga, depressão, anemia, impotência, indisposição gastrintestinal, infecções e desordens do sistema nervoso. O ponto comum de todas essas ações reside no seu potencial adaptogênico. Ervas adaptogênicas parecem possuir função bimodal de ação, determinando efeito estimulante ou sedativo dependendo da necessidade do indivíduo diante de uma situação particular. O uso terapêutico de um adaptógeno é promover uma ótima resposta para ambos, o stress interno e externo e prevenir morbidades induzidas pelo stress.

Apesar de abranger as mesmas propriedades farmacológicas dos adaptógenos, Rhodiola rosea é mais eficaz na melhora do desempenho mental, da memória e do aprendizado. Parece que todas as plantas adaptogênicas que exibem efeito estimulante com uma única dose (como é o caso da Rhodiola rosea) contêm quantidades relativamente elevadas de compostos fenólicos estruturalmente relacionados com as catecolaminas, que presumivelmente têm parte importante no sistema simpato-adrenal e no sistema nervoso central. Em contraste, plantas como o Panax ginseng, que contêm grandes quantidades de triterpenos tetracíclicos estruturalmente similares aos corticosteróides, revelam seus efeitos protetores contra o stress e de adaptação aos estressores depois de repetidas administrações por um período de uma a quatro semanas. Nestes casos, as substâncias ativas exercem papel-chave na regulação do sistema neuroendócrino e do sistema imunológico mediado pelo eixo hipotálamo-pituitária-adrenal.

Outra propriedade tem sido sugerida para a Rhodiola rosea é a capacidade de regular significativamente a desordem do sono provocada por altas latitudes (altas latitudes têm o potencial de modificar o ciclo sono-vigília, descompassando-o dos outros ciclos circadianos), assim como a de melhorar a qualidade do sono em geral, sem produzir os efeitos negativos dos estimulantes sintéticos. Ela não provoca hipersonolência de rebote, não causa efeitos depressivos e não provoca dependência, tolerância nem abuso. Tendo sido uma das espécies mais intensamente estudadas, vale ressaltar também que os trabalhos farmacológicos e clínicos levados a cabo com a Rhodiola rosea têm fornecido fortes evidências de que ela exerce atividade biológica sem quaisquer níveis de toxicidade detectáveis.

 

Referências Bibliográficas

 

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